quarta-feira, 4 de junho de 2014

Relações Precoces 

A vocação social manifesta-se logo após o nascimento nas relações precoces que o bebé estabelece com a mãe e com os adultos que cuidam do recém-nascido. Estas relações explicam o que pensamos, o que sentimos e o que aprendemos e têm, assim, um papel fundamental na construção de relações com os outros e na construção do "eu" psicológico. O bebé é um ser imaturo, o que o torna dependente dos adultos e implica um tipo de relação com os progenitores distinto do dos outros animais, pois o bebé humano precisa dos cuidados dispensados pelos progenitores para conseguir sobreviver.
O bebé apresenta um conjunto de capacidades e competências que estimulam aqueles que o rodeiam a satisfazer as suas necessidades. Desta forma, o bebé tem uma capacidade para comunicar com os pais através de um conjunto de sinais que manifestam as suas necessidades e o seu estado emocional. 
Assim, o bebé é um sujeito ativo que emite sinais daquilo que pretende e que responde, com agrado ou desagrado, ao tratamento disponibilizado. Logo que nasce o bebé é capaz de distinguir sons, vozes, imagens, odores e recorre a um conjunto de estratégias comportamentais para chamar a atenção da mãe, no sentido de obter uma resposta para o que precisa. O choro, o contacto físico, o sorriso, as expressões faciais e as vocalizações são alguns dos meios a que o bebé recorre para manifestar as suas necessidades e obter a sua satisfação. 






A relação mãe/bebé inicia-se muito antes do nascimento, quando a mulher sabe que está grávida. Esta relação seria construída e reforçada pelas fantasias da mãe face ao bebé. Durante a gravidez, desencadeia-se um conjunto de suposições sobre o sexo do bebé, com quem será parecido e como se comportará. 
A relação privilegiada que o bebé estabelece com a mãe é decisiva para o seu desenvolvimento físico e psicológico. Os laços que se vão construindo entre a mãe e o bebé designam-se de vinculação. 

Como tal, o sentimento de confiança entre mãe-bebé reflete-se ao longo da nossa vida e manifesta-se numa capacidade de adaptação às pessoas e às situações em contexto social. 
Se esta relação tão primária não for satisfeita o adulto humano poderá não apresentar competências sociais que se traduzirão por exemplo, na timidez e no constante medo. 



Pedro Leite 

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