quarta-feira, 4 de junho de 2014

Entrevista a Wundt

Quem foi Wundt? Qual foi o seu contributo para a evolução da psicologia? A sua teoria é universalmente aceite? Porquê? Estas são algumas das perguntas que serão respondidas ao longo desta hipotética entrevista, realizada no Instituto de Psicologia Experimental, em Leipzing, no ano de 1914, 6 anos antes da sua morte.


Entrevistador (E): O que nos pode dizer acerca de si?
Wundt (W): Não há muito que se possa dizer. Não tive uma educação propriamente fácil, cheguei a ser ridicularizado pelos meus professores e colegas. Distraía-me muito nas aulas… Mas apesar de tudo, entrei para a universidade quando tinha 19 anos. Formei-me em medicina, mas à medida que o curso ia progredindo, percebi que o meu interesse não era propriamente a medicina, e por isso especializei-me em fisiologia. Tornei-me professor na universidade o que levou a minha orientação para a psicologia.
E: Disse que se orientou para a psicologia. O que o levou à criação de uma teoria filosófica?
W: Eu queria separar a psicologia da filosofia, queria tornar a psicologia uma nova área da ciência objectiva e experimental.
E: E como procedeu para tal?
W: Defini um objecto de estudo e um método de investigação. O objecto de estudo é a consciência e os processos mentais, e para se conhecer a consciência deve-se analisar os seus elementos mais simples, as sensações. Para isso, recorri ao método introspectivo.
E: Como é que através da análise das sensações se conhece a consciência?
W: Acho que primeiro se deve perguntar como é cheguei à conclusão que a consciência é constituída, não só por sensações, mas também por sentimentos. A resposta é muito simples, e é por isso que esta teoria é conhecida como associacionismo. Eu queria descobrir como é que os elementos da consciência se relacionam e associam. Através de uma experiência que eu próprio realizei, percebi que um determinado sentimento provocado por determinado estímulo, acontecia ao mesmo tempo que a sensação que esse estímulo provocava. E é por isso que o sentimento é a componente subjectiva da sensação, são as qualidades que acompanham as sensações mas que não fazem parte do estímulo. Ora, se o sentimento acontecia ao mesmo tempo que a sensação, então a emoção é um conjunto de sentimentos. Esses sentimentos relativamente a esse estímulo, levavam a consciência a produzir uma ideia relativamente ao mesmo estímulo. Agora sim, como é que através na análise das sensações se conhece a consciência? Analisando a sensação provocada pelo estímulo, é possível conhecer como funciona a consciência. Porquê? Através da introspecção controlada, um grupo de sujeitos descreveram-me tudo o que pensavam e sentiam, fazendo a auto-analise dos seus estados psicológicos, e portanto todas as sensações resultantes de uma situação que foi experimentalmente específica. Após a análise dos resultados, percebi que a introspecção era uma percepção interior que dava a possibilidade de aceder aos elementos mais básicos para se conhecer a consciência. Assim, através da análise das sensações, e recorrendo ao método da introspecção controlada, era possível conhecer a consciência.
E: Então, como fundador da psicologia enquanto ciência objectiva e experimental, pode considera-se como sendo o seu fundador…
W: Sim, de certa forma sim! 

A psicologia sofreu evolução desde que Wundt a fundou como ciência autónoma, e actualmente, alguns consideram que é uma teoria limitada, muito subjectiva e muito pouco credível. Porquê? Porque durante a auto-análise, os sujeitos poderiam ter diferentes opiniões, daí ser subjectiva, e nem sempre poderiam descrever o que realmente sentiam e pensavam, tornando-a muito pouco credível. É também limitada porque só dava a conhecer os elementos básicos que constituem a consciência. Os processos mentais mais complexos, como a memória e a aprendizagem, não podiam ser estudados experimentalmente, tendo de se recorrer a metodologias qualitativas.

Apesar de tudo, ninguém pode negar que Wundt é o fundador da psicologia experimental, e a primeira pessoa a denominar-se psicólogo. 

Joana Dias

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