António Damásio
António Damásio nasceu em Lisboa, em 1944. Licenciou-se e
fez o doutoramento em neurologia, na universidade de Lisboa, tendo começado a
desenvolver as suas pesquisas no centro de estudos Egas Moniz, no laboratório
de investigação da linguagem. Vai para os EUA como investigador do centro de
afasias de Boston. Integra a universidade de Iowa dirigindo o departamento de
neurologia do comportamento e neurociência cognitiva e o centro de investigação
da doença de Alzheimer desta universidade.
E o estudo do comportamento de muitos dos seus doentes com
lesões cerebrais, que o leva a colocar um conjunto de hipóteses inovadoras
relativamente ao funcionamento do cérebro.
Para além de numerosos
contributos em revistas científicas da especialidade, há três obras em que
Damásio expõe as suas concepções fundamentais: O Erro de Descartes, O
Sentimento de Si, Ao Encontro de Espinosa. No primeiro livro, o subtítulo
indica as questões que aborda: Emoção, Razão e cérebro humano. É nesta obra que
o autor desenvolve o fundamental da sua teoria: a importância da emoção no
pensamento racional, na tomada de decisões. No segundo livro, usou os
sentimentos para explicar a base de si: as emoções desempenham um papel central
no sentimento de si, e por isso, na construção de identidade. A consciência é uma
função biológica que permite conhecer as emoções: sentir a dor e o prazer, a
alegria e a tristeza e também a vergonha o nojo e o orgulho.
No seu livro Ao Encontro de
Espinosa, os sentimentos são o centro da sua reflexão, desvendando a biologia
dos nossos mecanismos de sobrevivência. Parte do pensamento do filósofo
Espinosa, para quem os afectos, os sentimentos e as emoções eram elementos
fundamentais para a sobrevivência da humanidade, e fundamenta esse princípio
com os dados das neurociências.
A Mente
Damásio contesta as concepções
que, durante séculos, defenderam uma mente apenas orientada pela razão,
independentes do corpo, das emoções e dos afectos. Damásio rejeita o dualismo
corpo-mente, afirmando que a mente é uma produção do cérebro.
Para Damásio, assim como os
nossos sentidos nos dão a conhecer o mundo exterior através de processos de
activação nervosa, as emoções são padrões de atiçação nervosa que correspondem
a estados no nosso mundo interior.
Se vermos aproximar-se um
cão com ar feroz, esta imagem vai activar o sistema nervoso simpático: o ritmo
cardíaco fica acelerado, a respiração mais rápida, a tensão muscular aumenta,
etc. Estas modificações corporais correspondem a uma emoção a que chamamos
medo. O nosso cérebro regista esta informação, que pode vir a ser utilizada
mais tarde. As emoções são, portanto, representações cognitivas de espaços
corporais.
Este é um dos mecanismos
que leva Damásio a encarar o organismo como uma totalidade em constante
interacção com os meio exterior e interior: o corpo, o cérebro e a mente agem
em conjunto, porque são uma realidade única.
Metodologia de investigação
O estudo do caso de Phineas
Gage, 120 anos depois da sua morte, a partir das descrições do seu médico Harlow,
constitui uma abordagem inovadora, na medida em combina os testemunhos do
passado com as mais modernas tecnologias. É a relação entre o reconhecimento das
lesões e o efeito no comportamento que leva a equipa de Damásio a investigar situações
semelhantes nos seus doentes. Estudam, sobretudo, os danos neurológicos nos
sistemas emocionais comparando o funcionamento dos cérebros saudáveis com os cérebros
lesionados. É a partir do estudo aprofundado destes casos e baseado em
experiências laboratoriais que Damásio elabora a sua teoria.
João Pereira nº17 12ºa
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