sábado, 7 de junho de 2014

Emoções



Uma emoção é um conjunto de reações corporais face a certos estímulos. A partir do momento em que sentimos medo o ritmo cardíaco acelera, a pele fica branca e os músculos contraem-se. Estas reações são automáticas e inconscientes.    


Tipos de Emoção 


Primárias (Ex.: medo, alegria, tristeza...) : 
-são universais, estão presentes em todas as culturas. 
-assentam numa base inata, não dependem da aprendizagem. 
-estão ligadas a processos neurais específicos. 

secundarias (Ex.: vergonha, ciúme...): 
-contêm as emoções primárias, mas distinguem-se, na medida em que, nestas os aspetos socioculturais iram influenciar.  

De Fundo (Ex.: bem-estar, mal-estar...): 
-são estados de longa duração- 
-podem influenciar o modo como as emoções primárias se expressão.  



Afetos e Sentimentos 


Afeto é a relação que temos com as outras pessoas, em que se dá e se recebe. Como o amor e o ódio. As emoções são a representação dos afetos.  
Os sentimentos surgem quando tomamos consciência dessas ''emoções'' corporais, quando estas são transferidas para certas zonas do cérebro, onde são codificadas sob forma de atividade neuronial. Concluímos que os sentimentos nascem das emoções. 


Componentes das Emoções: 

-cognitiva 
-avaliativa 
-fisiológica 
-expressiva 
-comportamental 
-subjetiva 



Perspetivas 

Evolutiva 
Foi desenvolvida por Darwin, que, a partir da comparação de expressões de emoções em vários povos, identificou 6 emoções primárias e universais  (alegria, tristeza, surpresa, cólera, medo e o desgosto). 
Considerou que as emoções têm um papel adaptativo fundamental na história da espécie humana, sendo determinantes na capacidade de sobrevivência dos seres humanos. 
Dentro da mesma linha de pensamento Ekman defendia a teoria de Darwin (há emoções universais portanto não dependem de processos de aprendizagem), porém Ekman nega a influencia de cultura nas emoções, na medida em que há regras que controlam a sua expressão. Contudo existe um património comum ao nível das emoções e da sua expressão. 

Fisiológica  
Foi desenvolvida por William James, que considera que as emoções resultam da consciência das mudanças orgânicas provocadas por determinados estímulos.  
Esta perspetiva tem como interesse fundamental o estabelecimento da relação entre o corpo e a mente, que se influenciariam mutuamente: a mente influencia o corpo, mas o corpo também influencia a mente. 

Cognitiva 
Os processos cognitivos, como as perceções, recordações e aprendizagens, são fundamentais para se perceberem as emoções. É a forma como representamos uma dada situação e como a avaliamos que desencadeia, ou não, uma emoção. Esta interpretação depende dos quadros cognitivos, do contexto de vida e da história pessoal do sujeito. 

Culturista 
As emoções aprendem-se no contexto do processo de socialização. As emoções e as formas de as exprimirmo-las variam de cultura para cultura. As diferentes sociedades e culturas definem o tipo de emoções que um individuo vai ter em determinadas situações.  
Esta perspetiva nega a existência de emoções universais, ou seja, à diversidades cultural corresponde uma diversidade de emoções.
   Joana Torres 

sexta-feira, 6 de junho de 2014

Psicologia Aplicada

O trabalho desenvolvido pelos psicólogos portugueses reflete a realidade vivida pela psicologia nos outros países. 
Aquando da formação da psicologia como ciência, as universidades que formavam os psicólogos preparavam instigadores e teóricos e não psicoterapeutas ou psicólogos. Mais tarde o estudo da biografia de alguns psicólogos permitiu estabelecer uma relação entre a sua intervenção prática e a construção das sua conceções e teorias.
A psicologia atual é o produto das várias conceções do homem nas diferentes correntes da psicologia.
Assim a psicologia é dividida em várias áreas de investigação:
Neuropsicologia: Aborda os fundamentos biológicos do comportamento e dos processos mentais (sistema nervoso)
Psicologia social: Estuda processos de interação entre o individuo e os outros, entre o indivíduo e os grupos e entre grupos.
Psicologia do desenvolvimento: Estuda as diferentes fases de desenvolvimento psicológico desde a vida intrauterina até à morte.
Psicologia cognitiva: Estuda processos mentais como a perceção, a aprendizagem, memória, resolução de problemas e mais recentemente as emoções e a motivação.
Psicopatologia: Estuda as causas, a história e o desenvolvimento das perturbações mentais e das disfunções do individuo.
Psicolinguística: Processos mentais que intervêm na aquisição e na utilização da língua mãe.

A psicologia tem uma dimensão teórica que investiga e explica o comportamento e os estados mentais do ser humano. No entanto, para ser aplicada também tem de ter uma dimensão prática. Os níveis de intervenção vão desde o individuo à comunidade, passando pelos grupos e organizações. O desenvolvimento da psicologia e a complexidade dos problemas têm conduzido a uma progressiva especialização da psicologia aplicada que se organiza em várias áreas:


  • Psicologia educacional:




Abordagem das questões de ensino e aprendizagem de indivíduos de várias idades e instituições de vários tipos. O seu objetivo é a promoção da qualidade do desenvolvimento das pessoas, dos grupos, das instituições e das comunidades (creches, jardins de infância, universidades...)
O trabalho dos psicólogos educacionais é promover condições para um desenvolvimento e aprendizagem que permitam que as pessoas encarem positivamente e de forma autónoma os desafios que a vida lhes coloca.

Anita Woolfolk, identifica principais áreas de reflexão da psicologia educacional:

  • Diferentes estádios que correspondem a diferentes características
  • Conhecer as diferenças (culturais, linguísticas, psicológicas...);
  • Interpretação de cada individuo;
  • Motivação relacionada com a aprendizagem;
  • Avaliação de competências e dos conhecimentos.


  • Psicologia do trabalho e das organizações:


Cada vez mais as atividades são assumidas como organizações. Por exemplo as funções tradicionais assumidas pela família, como tratar das crianças, dos mais velhos e dos doentes foram transferidas para organizações especializadas: infantários, lares de terceira idade, hospitais.
Esta área da psicologia especializou-se no estudo e na intervenção nas organizações em geral e e nas do trabalho em particular.

A reflexão da complexidade do trabalho, da sua organização e das suas relações interpessoais divide-se em três domínios:

  • Psicologia do pessoal
  • Psicologia do trabalho
  • Psicologia das organizações


As inovações tecnológicas e as transformações, arrastam um conjunto de problemas que são objeto da sua reflexão e intervenção: modificam-se as relações com o trabalho e as interações pessoais.
Assim o psicólogo desenvolve o seu trabalho, analisando a relação entre o trabalho e as pessoas, avaliando a motivação e o grau de satisfação dos trabalhadores, estudando os processos de liderança e de gestão de recursos humanos promovendo a otimização do trabalho.

  • Psicologia de orientação vocacional e profissional:


Atualmente um psicólogo desta área não se limita a apoiar o individuo na escolha de um curso ou de uma profissão. Hoje em dia, espera-se que ajude as pessoas a conhecerem as suas capacidades e competências, a identificarem os seus interesses, desejos e expectativas, para as apoiar na construção do seu projeto de vida. A função destes psicólogos é também acompanhar os alunos do processo escolar e profissional, permitindo assim o desenvolvimento da sua identidade pessoal e de autoconhecimento. Avalia programas de apoio às opções vocacionais e profissionais.
O papel do psicólogo vocacional no contexto escolar não se pode remeter apenas a uma intervenção pontual e individual, é necessário envolver professores, pais e outros intervenientes especializados, dado que só atuando em rede é possível promover uma orientação adequada.


Fátima Mendes



quinta-feira, 5 de junho de 2014

Relações interpessoais




Quando se trata de relações interpessoais, a maneira de encararmos os outros e nos próprios muda de pessoa para pessoa, e afetar a forma de interagirmos com os outros.
Primeiramente quando temos contacto com alguém que não conhecemos, construímos uma imagem ou ideia sobre essa pessoa. A essa primeira imagem chamamos impressão. Normalmente a primeira impressão é a mais marcante já que é a primeira ideia que temos sobre alguém.
As impressões são influenciadas por indícios físicos, ou seja, se a pessoa é baixa ou alta, por indícios verbais, o modo de falar das pessoas, por indícios verbais e indícios comportamentais.
Apos a criação da impressão, vem as expetativas que criamos sobre essa pessoa, que nos leva a prever as atitudes e comportamentos dela.
Na base das expetativas estão essencialmente as atitudes. E o que é uma atitude? Uma atitude é uma tendência para responder a um objeto social (pessoa, situação, acontecimento) de modo favorável ou desfavorável.
Assim podemos definir três tipos diferentes de atitudes: cognitiva (conhecimento), afetiva (emoções), e comportamental.
No final temos as representações sociais que consistem no conjunto de explicações, crenças e ideias que são partilhadas e aceites coletivamente numa determinada sociedade.

Concluindo, todos somos diferentes, e todos temos formas diferentes de caracterizar determinado objeto social.  



Psicologia Aplicada


Tanto a prevenção como a remediação (remediar um problema ou distúrbio psicológico) fazem parte da prática profissional de um psicólogo nas suas diversas áreas de intervenção. 

TIPOS DE PREVENÇÃO

PREVENÇÃO PRIMÁRIA: tem como objectivo fazer diminuir a frequência com que surgem determinados problemas mentais ou comportamentais, numa pessoa ou numa comunidade.
PREVENÇÃO SECUNDÁRIA: visa a identificação precoce de problemas mentais, numa fase inicial, para poder prevenir outras perturbações mais complicadas

PREVENÇÃO TERCIÁRIA: tem como objectivo a inserção social e a reabilitação de pessoas que sofrem ou sofreram doenças mentais.

PREVENÇÃO CENTRADA NA SITUAÇÃO - A ação preventiva desenrola-se de forma a reduzir os fatores de perturbações que afetam as pessoas. Como por exemplo fatores de stress.

PREVENÇÃO CENTRADA NAS COMPETÊNCIAS - Tem como objetivo fazer com que os indivíduos obtenham certas carateristicas e capacidades que os ajudarão a lidar com problemas que irão encontrar na sua vida. Devem equipar esses indivíduos com competências que os ajudem a viver situações problemáticas sem levar ao surgimento de pertubações mentais.



PROMOÇÃO DO DESENVOLVIMENTO

A promoção do desenvolvimento é a maneira de evitar o aparecimento de de distúrbios mentais e para ajudar as pessoas a constituir contextos onde possam viver melhor e comandar as suas vidas. A intervenção tem de envolver as pessoas no processo de mudança e promover oportunidades para formarem relacionamentos com os que os rodeiam.
A intervenção dos psicólogos deve ir além da remediação, pois o défice, o risco ou a perturbação não devem devem ser os únicos alvos dos psicólogos.
Promover desenvolvimento é promover transformação para conduzir a uma maior integração das experiências vividas.


ADAPTAÇÃO E AUTONOMIA 

Ensinar estratégias de relaxamento ou a evitar ter pensamentos depreciativos ou catastróficos em situações sociais pode ajudar à adaptação, isto é, ao ajustamento social.
A ação dos psicólogos deve ser realizada com o objetivo de capacitar as pessoas para participarem de forma autónoma nas suas relações. 
Mais do que facilitar a adaptação das pessoas a um determinado estado das coisas, é preciso trabalhar para que tenham mais voz, para participarem de forma mais autónoma, democrática e igualitária nos contextos e nas relações em que nos fazemos humanos, para que todos se possam envolver nas relações mais promotoras de desenvolvimento, de forma a sentirem-se satisfeitas consigo mesmas, mas também com os outros  e com as suas comunidades

Hugo Marcelo Guimarães,

Piaget e a inteligência


O estudo do desenvolvimento do ser humano constitui uma área do conhecimento da Psicologia, Piaget, cria uma teoria denominada por construtivismo, que visa o estudo do desenvolvimento cognitivo da criança.

Segundo Piaget o sujeito constrói conhecimento pelas suas próprias ações, ou seja, a inteligência é um produto de um processo de interação na qual interagem estruturas mentais e o meio, contrariando assim teorias anteriores como o gestaltismo ou o behaviorismo. Desta forma, podemos verificar que a inteligência vai-se construindo progressivamente ao longo do tempo, partindo dos reflexos mais simples do bebé até se atingir o pensamento formal.

Consequentemente pode-se afirmar que a teoria piagetiana assenta numa posição interacionista, mas também numa posição construtivista, visto que o sujeito mediante as suas ações tem um papel importante na construção do conhecimento.





O desenvolvimento cognitivo faz-se por modificações nas estruturas mentais, através de mecanismos de adaptação: assimilação e acomodação, que estão em equilíbrio e caso isto não acontecesse o sujeito não se adaptaria ao meio, nem se desenvolveria. Assim, a assimilação é o processo pela qual se integram novos dados provenientes do meio, nas estruturas cognitivas e por acomodação entende-se que o sujeito sofre modificações nas estruturas mentais em função de novas situações, ou seja, irá se desenvolver um novo esquema.

Piaget considera que, o desenvolvimento cognitivo desenvolve-se por etapas, que designa por estádios de desenvolvimento. A ordem de sucessão destes estádios é constante e apesar de as idades que cada criança atinge cada estádio ser diferente, Piaget apresenta idades médias para a passagem de um estádio para o outro. Por exemplo, uma criança sobredotada atingirá cada estádio muito mais cedo, que o habitual. Os estádios de desenvolvimento culminarão no pensamento formal.

  • Estádio sensório-motor
Este estádio começa no nascimento e vai até cerca dos 2 anos. Este estádio divide-se em dois momentos.
Num primeiro momento estamos perante uma inteligência sensorial, ou seja, a captação das informações por parte do bebé é feita através dos sentidos e este exprime-se assim através do movimento. Podemos assim considerar que o bebé apresenta uma inteligência prática, pois não há linguagem, nem capacidade de representação mental de objetos.
Num segundo momento o bebé passa de uma inteligência prática, para uma inteligência representativa, pois tem noção de objeto permanente. Por exemplo, quando mostramos um objeto ao bebé e de seguida o escondemos, este é capaz de o procurar, pois sabe que este continua a existir.
 

  • Estádio pré-operatório
Este estádio começa por volta dos 2 anos e termina por volta dos 6/7 anos. Nesta fase a criança
adquire a função simbólica, ou seja, tem a capacidade representar mentalmente objetos ou acontecimentos que não ocorrem no presente, uma das manifestações mais importantes desta função é a capacidade de falar.
Outra característica deste estádio é que a criança já tem a capacidade de pensar, mas não tem a capacidade para fazer operações mentais. Por exemplo quando expostas a dois copos com a mesma quantidade de líquido, mas um mais alto e fino e por isso com aparência de ter mais e questionadas acerca de qual terá mais quantidade a criança responderá que o copo mais alto tem mais, pois responde com base em aparências e não processa a ação inversa.
Outra característica da criança nesta fase é o egocentrismo, a centração impede a criança de perceber que existem outras realidades e perspectivas, ou seja, há uma visão unilateral.


  •  Estádio das operações concretas
Este estádio começa por volta dos 6/7 anos e termina por volta dos 11/12 anos. A criança neste momento ultrapassa o egocentrismo, ou seja, começa a aceitar as perspectivas/realidades dos outros.
Nesta fase, o pensamento é logico, e a criança é capaz de desenvolver assim conceitos e de fazer operações mentais, mas só na sua presença. No caso que falei anteriormente no estádio pré operatório, a criança já seria capaz de dizer que existe a mesma quantidade de líquido nos dois copos, pois processa a ação inversa.
A criança desenvolve ainda outros conceitos como espaço, tempo, número e lógica.





  •  Estádio das operações formais
Este estádio começa por volta dos 11/12 anos e termina por volta dos 16 anos. Aparecimento no adolescente de um pensamento abstrato, lógico e formal, ou seja, resolve os problemas sem um suporte concreto, o que leva também ao aparecimento de um raciocínio hipotético-dedutivo, ou seja, coloca mentalmente as hipóteses e deduz as consequências.
Aparecimento do egocentrismo intelectual, que faz com que o adolescente considere que o seu pensamento pode resolver tudo e as suas ideias e convicções são as melhores.


Em suma, embora investigações recentes ponham em causa alguns dos aspetos da teoria de Piaget, a sua contribuição para a compreensão do ser humano é incontornável, pois a sua teoria influenciou áreas como a pedagogia e a educação.


Vanessa Peixoto




António Damásio
António Damásio nasceu em Lisboa, em 1944. Licenciou-se e fez o doutoramento em neurologia, na universidade de Lisboa, tendo começado a desenvolver as suas pesquisas no centro de estudos Egas Moniz, no laboratório de investigação da linguagem. Vai para os EUA como investigador do centro de afasias de Boston. Integra a universidade de Iowa dirigindo o departamento de neurologia do comportamento e neurociência cognitiva e o centro de investigação da doença de Alzheimer desta universidade.
E o estudo do comportamento de muitos dos seus doentes com lesões cerebrais, que o leva a colocar um conjunto de hipóteses inovadoras relativamente ao funcionamento do cérebro.
Para além de numerosos contributos em revistas científicas da especialidade, há três obras em que Damásio expõe as suas concepções fundamentais: O Erro de Descartes, O Sentimento de Si, Ao Encontro de Espinosa. No primeiro livro, o subtítulo indica as questões que aborda: Emoção, Razão e cérebro humano. É nesta obra que o autor desenvolve o fundamental da sua teoria: a importância da emoção no pensamento racional, na tomada de decisões. No segundo livro, usou os sentimentos para explicar a base de si: as emoções desempenham um papel central no sentimento de si, e por isso, na construção de identidade. A consciência é uma função biológica que permite conhecer as emoções: sentir a dor e o prazer, a alegria e a tristeza e também a vergonha o nojo e o orgulho.
No seu livro Ao Encontro de Espinosa, os sentimentos são o centro da sua reflexão, desvendando a biologia dos nossos mecanismos de sobrevivência. Parte do pensamento do filósofo Espinosa, para quem os afectos, os sentimentos e as emoções eram elementos fundamentais para a sobrevivência da humanidade, e fundamenta esse princípio com os dados das neurociências.


A Mente
Damásio contesta as concepções que, durante séculos, defenderam uma mente apenas orientada pela razão, independentes do corpo, das emoções e dos afectos. Damásio rejeita o dualismo corpo-mente, afirmando que a mente é uma produção do cérebro.
Para Damásio, assim como os nossos sentidos nos dão a conhecer o mundo exterior através de processos de activação nervosa, as emoções são padrões de atiçação nervosa que correspondem a estados no nosso mundo interior.
Se vermos aproximar-se um cão com ar feroz, esta imagem vai activar o sistema nervoso simpático: o ritmo cardíaco fica acelerado, a respiração mais rápida, a tensão muscular aumenta, etc. Estas modificações corporais correspondem a uma emoção a que chamamos medo. O nosso cérebro regista esta informação, que pode vir a ser utilizada mais tarde. As emoções são, portanto, representações cognitivas de espaços corporais.
Este é um dos mecanismos que leva Damásio a encarar o organismo como uma totalidade em constante interacção com os meio exterior e interior: o corpo, o cérebro e a mente agem em conjunto, porque são uma realidade única.
Damásio vai desenvolver o conceito de um mecanismo que vai ter grande influência nas suas concepções e que constitui uma das contribuições mais inovadoras: o conceito de marcador somático. Quando foi dado o exemplo do cão, o estado corporal de medo que provocou como resposta ficou registado, marcado. É criada, assim, uma representação cognitiva que inclui duas informações: a informação que resulta da percepção externa (o cão com ar feroz) e a informação emocional interna (o medo face ao cão). Isto e, ficam associadas na nossa memoria as duas informações que serão utilizadas numa situação semelhante.

Metodologia de investigação
O estudo do caso de Phineas Gage, 120 anos depois da sua morte, a partir das descrições do seu médico Harlow, constitui uma abordagem inovadora, na medida em combina os testemunhos do passado com as mais modernas tecnologias. É a relação entre o reconhecimento das lesões e o efeito no comportamento que leva a equipa de Damásio a investigar situações semelhantes nos seus doentes. Estudam, sobretudo, os danos neurológicos nos sistemas emocionais comparando o funcionamento dos cérebros saudáveis com os cérebros lesionados. É a partir do estudo aprofundado destes casos e baseado                                                                                   em experiências laboratoriais que Damásio elabora a sua teoria. 

João Pereira nº17 12ºa

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Atração e Agressão

As relações que se estabelecem entre os membros de um grupo estão marcadas pela afetividade, estabelecendo entre si diferentes tipos de interação. As relações podem ser marcadas pela atração e pela agressão, entre outras.

A atração é avaliação cognitiva e afetiva que fazemos dos outros e que nos leva a procurar a sua companhia.

Por que razão é que nos sentimos mais atraídos por determinadas pessoas?

Vários fatores influenciam a atração como:

1. Proximidade geográfica: são as pessoas mais próximas aquelas por quem poderemos sentirmo-nos mais atraídas (como colegas da mesma faculdade ou pessoas que more na mesma zona ou trabalhe no mesmo local).

2. Familiaridade: a atração aumenta se estivermos frequentemente com uma pessoa. São pessoas que nos são mais acessíveis e, por isso, mais suscetíveis de nos atraírem mais.

3. Atração física: as pessoas fisicamente mais bonitas são mais populares e causam melhores impressões iniciais. Deste modo associa-se beleza a atração.




4. Semelhanças interpessoais: sentimentos, comportamentos, atitudes, opiniões e valores semelhantes. As pessoas com afinidades aproximam-se.



5. Qualidades positivas: gostamos mais das pessoas com caraterísticas que nós consideramos agradáveis.

6. Complementaridade: há quem defenda que, no desenvolvimento de uma relação, as pessoas são atraídas por caraterísticas que elas não possuem, complementando-se assim. (“os opostos atraem-se”).

7. Reciprocidade: simpatizamos mais com as pessoas que simpatizam connosco. As apreciações dos outros têm um efeito muito forte na atração.



Em contraste, a agressão é um comportamento que visa causar danos físicos ou psicológicos com a intenção de destruir. A cultura, o álcool, a familiaridade com que se exibem armas, os filmes e séries em que a agressividade é o centro da ação, as provocações e a frustração são fatores que induzem à agressão.


 Mas qual é a origem deste comportamento? Será que agressividade é inata? Ou é produto da aprendizagem?
Para responder a estas perguntas Freud, Lorenz, Dollard e Bandura desenvolveram várias conceções.
Segundo Freud, fundador da psicanálise, a agressão teria origem numa pulsão inata, a pulsão da morte (thánatos). Os comportamentos agressivos seriam explicados por uma disposição instintiva e primitiva (e inconsciente) do ser humano em que a função da socialização é reprimir esta mesma pulsão.
Para Lorenz, a agressividade humana estava programada geneticamente, sendo desencadeada em determinadas situações. O ser humano não teria os mecanismos reguladores da agressividade assim como os animais, o que explicaria as guerras. (A agressão estaria programada geneticamente sendo desencadeada em determinadas situações).
Segundo Dollard, a agressão seria provocada pela frustração. Quando o sujeito não conseguia atingir os objetivos pretendidos, recorria à agressão. Contudo, esta teoria foi muito criticada pois nem sempre as pessoas reagem à frustração através de comportamentos agressivos, nem todas as agressões são efeito de frustração.
Para Bandura, o comportamento agressivo era aprendido por observação e imitação de modelos. A criança, no seu processo de socialização, imitaria o comportamento dos pais, dos professores e dos seus pares, incluindo os comportamentos agressivos.
Bandura desenvolveu observações experimentais em crianças dos 3 aos 6 anos que incidiam sobre a imitação.




Na experiência um grupo de crianças observava um filme em que adultos a gritavam e agrediam de várias formas um boneco insuflável, enquanto outro grupo (grupo de controlo) não era submetido à visualização de qualquer filme.
Deste modo, verificou que as crianças que tinham assistido ao filme apresentavam o dobro das respostas agressivas comparativamente ao grupo de controlo, e que inventavam novas formas de agressão que não tinham sido observadas, levando a concluir que os comportamentos agressivos se aprendem por observação e imitação, no contexto de socialização.



                                                                                                                        
                                                                                                                              Séfora Costa nº22