A importância do
relativismo cultural na universalidade/diversidade da cultura
O ser humano tem vindo a
evoluir sempre inserido em grupos, até porque homens e mulheres são seres
sociais. Como diz Aristóteles “o homem que não vive em sociedade ou é Deus ou é
besta”. Esta vida em grupo acarreta regras e valores que nos afastam do estado
selvagem, aumentando as nossas capacidades, aperfeiçoando as nossas
habilidades, tornando-nos únicos. Viver em grupo é um viver cultural, senão
vejamos: a Cultura é um conjunto complexo e articulado de normas, crenças e
valores que condicionam o horizonte espiritual dos seres humanos, bem como as
realizações técnicas do grupo, conferindo a cada sociedade o seu aspeto
original. É através da vida em sociedade que nos exprimimos e ao fazê-lo
produzimos cultura. E isto é universal. Quando falamos de universalidade,
pensamos em características comuns entre culturas. Todos produzimos cultura, a
cultura é um fenómeno universal. Cada sociedade possui agentes de socialização
que inserem os indivíduos num determinado meio: a família, o grupo de pares, a
escola. Sem pensar somos “educados culturalmente” numa determinada sociedade.
Somos produtos e produtores de cultura.
Intrinsecamente ligado às
questões culturais surge também o conceito de diversidade culturas, no entanto,
também existe a diversidade cultural. Cada sociedade possui os seus padrões
culturais que condicionam comportamentos e atitudes do dia-a-dia. Num texto de
Anthony Giddens, o autor apresenta exemplos para explicar a importância da
diversidade cultural. Por exemplo, na nossa cultura não comemos gatos ou cães ,
mas em algumas partes do mundo eles são considerados iguarias gastronómicas.
Outro exemplo referido, e que me chocou bastante, leva-nos a refletir sobre a matança deliberada
de recém-nascidos e bebés que na nossa cultura é vista como uma coisa horrivel!
Na cultura tradicional chinesa, matar um bebé do sexo feminino era frequente,
uma vez que “eram vistas como um encargo para a família e não como um
património”. A diversidade cultural alerta-nos para o cuidado que devemos ter
no julgamento de determinados comportamentos culturais, pois não tendo
conhecimento de valores e comportamentos aí praticados seremos com certeza
injustos no julgamento.
Onde estará o meio-termo da
universalidade/ diversidade cultural? Através do conceito da relatividade
cultural conseguimos encontrar o fio condutor. O relativismo cultural parte do
pressuposto que cada cultura se expressa de forma distinta e que o
comportamento individual deve ser sempre analisado à luz de um contexto numa
determinada cultura. Esta posição face à cultura foi estudado por Franz Boas,
nas primeiras décadas do século XX, apesar de não ter sido ele a criar a
expressão relativismo cultural.
Caminhamos, neste momento, para
uma fase cultural de mistura entre culturas devido à globalização, isto faz-nos
crer que o relativismo cultural pode alargar o conceito. Será mesmo assim ou
continuaremos a preservar a nossa cultura e a educar as gerações futuras com
valores muito nossos?!
Alexandra Gomes nº2
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