A perceção é a atribuição de significado a estímulos sensoriais. Os estímulos sensoriais são tudo aquilo que pode provocar uma reação num órgão sensorial (são eles a língua, os olhos, a pele, os ouvidos e o nariz) como por exemplo um som ou até um cheiro. Quando captados pelos órgãos sensoriais, os estímulos são transformados em impulsos nervosos que por sua vez são encaminhados até ao cérebro. A interpretacão feita pelo cérebro desse mesmo estímulo é a perceção.
A verdade é que há inúmeros estímulos à nossa volta... Nós
não os captamos a todos. É aí que entra a atenção seletiva. A atenção seletiva
é a capacidade que nos permite selecionar os estímulos do nosso interesse,
ignorando os restantes. O nosso cérebro
funciona como um foco de luz, direcionando a atenção para o que nos convém.
O esquema seguinte traduz o processo da perceção, desde a
captação do estímulo até à sua interpretação:
Fig.1) Processo da perceção |
Existem vários tipos de perceção associadas aos nossos
sentidos, mas a mais estudada, e talvez das mais importantes, é a perceção
visual. Aliás, há uma palavra alemã, Gestalt, (cujo significado é configuração/forma) que dá nome ao estudo da perceção visual, também conhecido como a psicologia da forma.
Um dos princípios da psicologia da forma diz-nos que "o
todo é mais que a soma das partes".
Porque é que, para a Gestalt, o todo é mais que a soma das
partes?
O todo é mais que a soma das partes, pois entre as partes há
uma relação estabelecida. Quando olhamos para uma imagem, não percecionamos as
partes isoladas, mas sim percecionamo-la como um todo.
Um exemplo simples deste princípio pode ser dado através da
água e dos seus componentes. Se um indivíduo tiver sede e apenas tiver
hidrogénio e oxigénio separadamente (componentes da água), não conseguirá
satisfazer as suas necessidades. Se o sujeito engolir o hidrogénio e o oxigénio
certamente continuará com sede e terá efeitos inesperados. A água não é só a
soma do hidrogénio e do oxigénio, mas sim a soma do hidrogénio com o oxigénio e
a relação entre eles.
O mesmo acontece com a seguinte imagem:
Fig.2) Relação figura-fundo |
Na imagem, conseguimos ver uma taça (a branco) ou duas caras
(a preto). Tudo depende de como interpretamos as relações existentes na imagem.
Se definirmos o fundo como a parte preta, a figura será a taça. Se definirmos o
fundo como a parte branca, a figura será as duas caras. Concluímos então que,
se não for estabelecida uma relação entre os componentes da imagem (ou seja, definir o que é a imagem e o que é o fundo), a sua
interpretação é impossível. Admitimos assim que que o todo é mais que a soma
das partes, visto que a relação entre os componentes da figura é tão importante
como as partes que a constitui.
Além disso, a Gestalt estuda a maneira como percecionamos um
objeto. As pessoas percebem os objetos como se eles tivessem sempre o mesmo
tamanho, forma e cor, apesar das grandes mudanças dos dados sensoriais.
Chama-se a tal constância percetiva.
A constância de tamanho refere-se à tendência a perceber os
objetos como se eles tivessem um tamanho constante, apesar de os vermos mais
pequenos a maiores distâncias.
A constância de forma faz com que reconheçamos o formato de
objetos conhecidos, apesar do ângulo de visão. Quando vemos uma porta
inclinada, a forma que observamos é um trapézio, mas mesmo assim
interpretamo-la como sendo retangular.
A constância de cor e brilho admite que mesmo que a luz
incidente no objeto não seja a luz natural, percecionamos que ele apresenta a a
sua cor original, apesar de o vermos com uma diferente cor.
A percepção visual está diariamente presente na nossa vida.
Mesmo assim, todos os nossos sentidos são importantes para a nossa
sobrevivência e para a nossa vivência do mundo. O estudo da perceção é de essencial relevância para que possamos
entender melhor a maneira como vemos e como percecionamos a realidade que nos
rodeia.
“Vejo
o mundo como eu sou e não como ele é.”
Paul Eluard
Catarina Marques, nº 4
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