sábado, 24 de maio de 2014

Perceção


perceção é a atribuição de significado a estímulos sensoriais. Os estímulos sensoriais são tudo aquilo que pode provocar uma reação num órgão sensorial (são eles a língua, os olhos, a pele, os ouvidos e o nariz) como por exemplo um som ou até um cheiro. Quando captados pelos órgãos sensoriais, os estímulos são transformados em impulsos nervosos que por sua vez são encaminhados até ao cérebro. A interpretacão feita pelo cérebro desse mesmo estímulo é a perceção.

A verdade é que há inúmeros estímulos à nossa volta... Nós não os captamos a todos. É aí que entra a atenção seletiva. A atenção seletiva é a capacidade que nos permite selecionar os estímulos do nosso interesse, ignorando os restantes. O  nosso cérebro funciona como um foco de luz, direcionando a atenção para o que nos convém.

O esquema seguinte traduz o processo da perceção, desde a captação do estímulo até à sua interpretação:

Fig.1) Processo da perceção
    

Existem vários tipos de perceção associadas aos nossos sentidos, mas a mais estudada, e talvez das mais importantes, é a perceção visual. Aliás, há uma palavra alemã, Gestalt, (cujo significado é configuração/forma) que dá nome ao estudo da perceção visual, também conhecido como a psicologia da forma.

Um dos princípios da psicologia da forma diz-nos que "o todo é mais que a soma das partes".
Porque é que, para a Gestalt, o todo é mais que a soma das partes?

O todo é mais que a soma das partes, pois entre as partes há uma relação estabelecida. Quando olhamos para uma imagem, não percecionamos as partes isoladas, mas sim percecionamo-la como um todo.
Um exemplo simples deste princípio pode ser dado através da água e dos seus componentes. Se um indivíduo tiver sede e apenas tiver hidrogénio e oxigénio separadamente (componentes da água), não conseguirá satisfazer as suas necessidades. Se o sujeito engolir o hidrogénio e o oxigénio certamente continuará com sede e terá efeitos inesperados. A água não é só a soma do hidrogénio e do oxigénio, mas sim a soma do hidrogénio com o oxigénio e a relação entre eles.

O mesmo acontece com a seguinte imagem:

Fig.2) Relação figura-fundo
Na imagem, conseguimos ver uma taça (a branco) ou duas caras (a preto). Tudo depende de como interpretamos as relações existentes na imagem. Se definirmos o fundo como a parte preta, a figura será a taça. Se definirmos o fundo como a parte branca, a figura será as duas caras. Concluímos então que, se não for estabelecida uma relação entre os componentes da imagem (ou seja, definir o que é a imagem e o que é o fundo), a sua interpretação é impossível. Admitimos assim que que o todo é mais que a soma das partes, visto que a relação entre os componentes da figura é tão importante como as partes que a constitui.

Além disso, a Gestalt estuda a maneira como percecionamos um objeto. As pessoas percebem os objetos como se eles tivessem sempre o mesmo tamanho, forma e cor, apesar das grandes mudanças dos dados sensoriais. Chama-se a tal constância percetiva.

A constância de tamanho refere-se à tendência a perceber os objetos como se eles tivessem um tamanho constante, apesar de os vermos mais pequenos a maiores distâncias.

A constância de forma faz com que reconheçamos o formato de objetos conhecidos, apesar do ângulo de visão. Quando vemos uma porta inclinada, a forma que observamos é um trapézio, mas mesmo assim interpretamo-la como sendo retangular.


A constância de cor e brilho admite que mesmo que a luz incidente no objeto não seja a luz natural, percecionamos que ele apresenta a a sua cor original, apesar de o vermos com uma diferente cor.

A percepção visual está diariamente presente na nossa vida. Mesmo assim, todos os nossos sentidos são importantes para a nossa sobrevivência e para a nossa vivência do mundo. O estudo da perceção é de essencial relevância para que possamos entender melhor a maneira como vemos e como percecionamos a realidade que nos rodeia.

“Vejo o mundo como eu sou e não como ele é.” 
                                                            Paul Eluard


Catarina Marques, nº 4
















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