Um bombeiro que consegue
pressentir o perigo iminente; um atleta que aprende a realizar vários
movimentos complicados através do trabalho mental; um homem que tem a
capacidade de memorizar mais de 500 cartas de baralho. O que será que estas
pessoas têm de tão especial? Será um dom? Talvez poderes ocultos? Nada disso. A
resposta encontra-se na parte mais extraordinária de todos eles e, por
extensão, de todos nós: o nosso cérebro, a “máquina” do ser humano. É a partir
desta “máquina” que desenvolvemos todas as nossas atividades, e é ela que
permite o atividade dos nossos processos cognitivos, emocionais e conativos.
Um dos processos cognitivos é a memória. A memória consiste
na retenção e na evocação das informações, dos nossos conhecimentos, de
acontecimentos ou experiencias individuais, e é este património que assegura a
nossa identidade pessoal. A informação é recebida pelos órgãos dos sentidos,
retida em décimas de segundo e de seguida é processada (através dos 3 processos
de memória- codificação, armazenamento e recuperação) e, de seguida, tratada.
Não retemos todas as informações que recebemos durante o mesmo tempo.
Sendo assim, a memória é classificada quanto à sua duração: a memória a curto
prazo (que inclui a memória imediata e a memória de trabalho) e a memória a
longo prazo (inclui a memória declarativa e memória não declarativa).
À nossa incapacidade de
recordar, de recuperar dados, informações ou experiências, designamos por
esquecimento. Existe a tendência para considerar o esquecimento um lado
negativo do ser humano, mas não. É porque esquecemos que continuamos a reter informações
adquiridas e experiências vividas, o esquecimento é, portanto, essencial, é uma
própria condição da memória. O esquecimento tem, assim, uma função seletiva e
adaptativa: afasta a informação desnecessária.
Outro dos processos cognitivos fundamental no nosso processo de
adaptação ao meio, e também um processo cognitivo que nos torna humanos, é a
aprendizagem. Os comportamentos
aprendidos são adquiridos no processo de socialização, por exemplo, a forma
como andamos, a nossa linguagem, como arrumamos as nossas coisas, etc. Ou, por
exemplo, as aprendizagens simbólicas, como cumprimentar alguém, ler ou
escrever, porque envolvem a maneira como interpretamos a realidade e
como regulamos o nosso comportamento. Já as aprendizagens não-simbólicas são
comportamentos que estão diretamente relacionados com os estímulos do meio e
que são previsíveis a partir da presença do estímulo.
Existem 4 processos de
aprendizagem: aprendizagem não associativa (o individuo aprende as
características de um só estímulo o que pode ser, por um lado, por habituação
e, por outro lado, por Sensitização); a aprendizagem associativa (uma
aprendizagem mais complexa, pois para se aprender é necessário associar
estímulos e respostas ou associar diversos estímulos.
Pode ser por
condicionamento clássico ou por condicionamento operante); a aprendizagem por
observação e imitação (estudada
pelo investigador Albert Bandura, que constatou que a experiência dos outros pode
conduzir à aquisição de novos comportamentos, que são assim adquiridos a partir
da observação e imitação de um modelo); e a aprendizagem com recurso a
símbolos e representações (existem
esquemas cognitivos prévios que não permitem enquadrar as novas aquisições). João Braga,nº18
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